Você se lembra do tempo em que senhas de banco, cartões de crédito e e-mail eram as únicas com as quais tínhamos que nos preocupar? Pois é, essa não é mais uma realidade quando o assunto são logins e senhas. O que vivemos hoje, é um ambiente digital onde, para acessar cada rede social, aplicativo, conta de e-mail ou desbloquear um dispositivo mobile, baixar algum material educativo entre tantas outras situações, é necessário fornecer informações pessoais.

Expoentes mundiais que lidam todos os dias com base de dados da ordem de bilhões de usuários, como MicrosoftApple e Google, vem apontando para um futuro, não tão distante, onde a autenticação por Touch/Face ID, conhecido como biometria, que engloba todos os tipos de identificação por características físicas (digital, facial, voz e etc), serão tão comuns quanto enviar uma mensagem pelo WhatsApp, aplicativo que já disponibiliza essa função para o bloqueio e desbloqueio por seus usuários.

O uso de dados no marketing digital é um tema em constante debate, já que a experiência do usuário está diretamente ligada a confiabilidade e, por consequência, a geração de leads e mapeamento do perfil de clientes. A análise desses dados é completamente estratégica e deve ser tratada de forma responsável.

A transformação digital cunhada pelo Marketing 4.0 onde a integração entre marca e consumidor é caracterizada, entre outras questões, pelo uso de aplicativos mobile e oferta de experiências satisfatórias e surpreendentes, levanta questões sobre o uso de estratégias para reconhecer o perfil do consumidor através da análise de dados feita de forma estratégica.

Continue lendo este artigo para entender como garantir a segurança de dados e a melhor experiência para o usuário através de inovações já disponíveis no mercado digital.

Como coletar dados sem perder a confiança do usuário

Nas estratégias de Marketing Digital, coletar dados é essencial para entender quais são os interesses e marcar conversões de visitantes e leads.

Para baixar um ebook, planilha ou template ou mesmo solicitar um agendamento ou demonstração, existe uma troca para ter acesso: a cada novo formulário preenchido em uma landing page o usuário fornece informações sobre seu perfil como nome, e-mail, cidade, cargo, empresa, número de funcionários dentre outras possibilidades de campos que são predefinidas de acordo com os interesses estratégicos.

A partir desse momento, todos os dados fornecidos pelo visitante passam a fazer de uma base que se torna um arquivo onde cruzam-se informações sobre o perfil e interesses mensurados pelo grau de interação com páginas do site, aberturas e cliques em e-mails marketing e etc. A garantia da segurança do usuário nesse processo deve fazer parte das estratégias, uma vez que todas essas informações são coletas com consentimento.

Quanto a autenticação do usuário, possui dois pontos críticos, sendo eles a forma de configuração do site ou aplicativo, já que 58% dos usuários evitam se cadastrar em um site se precisam criar usuário/senha e o comportamento diante a internet em que 75% dos usuários estão cansados de senhas conforme pesquisa da KuppingerCole (2017).

Nesse caminho, soluções em web authentication ou webauthn tem se mostrado como o futuro da coleta de dados com foco na experiência do usuário e na segurança de informações. Ao longo deste artigo, falaremos mais sobre algumas dessas soluções que já estão em prática no mercado digital.

Formulários inteligentes e social login: alternativas para personalização

A experiência do usuário ao fornecer dados ou identificações é outro ponto importante para que ele, ao visitar uma página de conversão ou necessitar realizar um cadastro com login e senha, sinta-se confortável e seguro para executar a tarefa desejada.

Os formulários inteligentes de páginas de conversão são exemplos de uma solução que vem sendo adotada para tornar a coleta de dados mais dinâmica e menos complicada. Chamado de progressive profiling, ou perfil de progressivo, a coleta de dados é feita através de formulários, que consistem em solicitar ao usuário o preenchimento de diferentes campos a cada nova conversão ou interação com o site/aplicativo. No primeiro acesso, é feito um cadastro básico com nome, e-mail, cargo e localização e, nas próximas interações, os formulários apresentam campos com perguntas complementares sobre o perfil e interesses do usuário.

Nos casos onde é necessário cadastro com login e senha, o social login, já utilizado por mais de 45% dos usuários (KuppingerCole, 2017) por ser uma alternativa que facilita o processo de coleta de várias informações de uma única vez, onde o usuário tem a opção de utilizar o perfil do Facebook, Twitter ou Google para concluir o cadastro em um site ou aplicação.

O login através de redes sociais pode ser combinado com o progressive profiling, utilizando as próprias ações dos usuários para geração de dados, como número de logins que ele realiza em um período, qual tipo de dispositivo utiliza mais (desktop ou mobile), se faz login de diferentes cidades dentre outras métricas essenciais para avaliar o interesse deste usuário.

Mobile First e Mobile Only: a influência na coleta de dados

Smartphones são os principais dispositivos de acesso à internet no Brasil, ultrapassando a utilização de desktops, como mostra a pesquisa TIC Domicílios 2017 do Cetic.Br. A experiência no cotidiano com celulares como ferramenta de trabalho, pesquisas de informações, preços, localizações e interação em redes sociais, por exemplo, demonstram a importância em unir design e experiência do usuário.

Até pouco tempo falava-se em mobile first, com a criação de layouts e aplicações primeiro para dispositivos e só então adaptação para desktops, o crescimento da cibercultura e o aumento da velocidade de acesso nos direciona para o momento mobile only, no qual é necessário pensar soluções direcionadas exclusivamente para tablets, smartphones, smartwatch e outros dispositivos móveis.

Com a popularização do uso do mobile, algumas preocupações ficam mais evidentes, como na coleta de dados. Preencher longos formulários no celular pode ser uma ação cansativa, sendo soluções como a utilização de progressive profiling e social login ajudam a melhorar a experiência do usuário em páginas de cadastro e também de conversão.

A limitação quanto a dimensão da tela de celulares também podem representar um incômodo e a biometria ajuda a resolver. Já disponível em diversos modelos das principais marcas do mercado, a tecnologia de leitor biométrico nesses dispositivos auxilia na autenticação em diferentes tipos de páginas, sejam elas e-commerces ou aplicativos de trocas de mensagens como o WhatsApp.

Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais: ética nas estratégias digitais

Um passo à frente aos aplicativos de gerenciador de senha, o novo padrão de autenticação WebAuthn produzido pela FIDO Alliance e que já está disponível para alguns navegadores para acesso a dispositivos móveis, chaves de segurança USB e sistemas biométricos.

A tecnologia de autenticação sem senha contribui para resolver problemas como escolha de senhas fracas ou mesmo padrão para diferentes sites e aplicações, ataques de hackers e até mesmo falhas de segurança em sites que acabam expondo de milhões de usuários, como os recentes casos do Facebook.

Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPDP) brasileira, dispõe em seu artigo primeiro que o “(...) tratamento de dados pessoais, inclusive nos meios digitais, por pessoa natural ou por pessoa jurídica de direito público ou privado, com o objetivo de proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade e o livre desenvolvimento da personalidade da pessoa natural.” Nesse sentido, temos a privacidade do consentimento dos usuários, além da responsabilidade de armazenamento de dados coletados como elementos principais para criação de políticas internas de governança e segurança da informação, para garantir que medidas como ter opção de segmentar o banco de dados e dar a opção do usuário atualizá-lo a qualquer momento.

Aliás, fornecer controle para o usuário sobre todos seus dados (inclusive estas permissões) é parte destas regulamentações dispostas na LGPDP, para que usuários possam visualizar, editar e até deletar os seus próprios dados. Além de cumprir a lei, essas medidas contribuem principalmente para ganhar a confiança do usuário e deixar ele confortável ao fornecer estas informações.

Tratando-se de marketing digital, o uso de dados fornecidos pelos usuários presentes na base de leads deve ser utilizado de forma consciente e dentro das normas legais. Práticas como comprar ou vender listas de e-mail ou quaisquer outras informações, além de contra a lei, são alvo de penalizações por parte de ferramentas, como o bloqueio por lixo eletrônico (SPAM), e por parte dos próprios leads.

E o futuro?

O avanço da conectividade através do ambiente digital, levanta discussões necessárias para o mercado de marketing digital e contribui para a construção de estratégias que tenham como foco a experiência do usuário.

A velocidade na transmissão de dados e a quantidade de dados transmitidos, como em estratégias de Big Data Analytics, além de auxiliar na melhor compreensão do público e suas necessidades, trás consigo novas soluções de segurança da informação e, com isso, mais transparência e confiança com usuários.

Autenticação sem senha através de biometria, formulários inteligentes e dinâmicos que coletam informações de forma personalizada e social login representam essa evolução no tratamento estratégico de dados.

Douglas Gomes
Douglas Gomes
Douglas Gomes

Mineiro e Jornalista. Assistente de Marketing Digital e Redator de Conteúdo na Post Digital. Certificações em Produção de Conteúdo para Web, Inbound e Outbound Marketing, Sales e Google Ads e Analytics.